domingo, 20 de junho de 2010

Morreu na contramão: O suicídio como notícia

O livro aborda o modo como a sociedade e a imprensa encaram a morte voluntária. Para isso, o autor analisa vários casos noticiados, principalmente pelo jornal O Globo, faz menções a vários estudos relacionados ao tema e dedica um capítulo à morte de Getúlio Vargas. Comenta, também, o fato de muitos casos não serem mencionados, provando que ainda é forte o tabu, de caráter histórico, que o suicídio é contagioso. O autor exemplifica com a vasta onda de suicídio, nomeada “efeito Werther”, ocorrida com os jovens alemães após a exibição da novela "O sofrimento do jovem Werther de Goether" no ano de 1774. Durante a leitura, percebe-se que o autor, apesar de tudo, deixa subentendido a subordinação da imprensa à sociedade, uma vez que ela relata o que é de interesse coletivo.
Dapieve menciona as obras de Albert Camus em especial O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo e O suicídio de Emile Durkheim. Baseado nesse último, o autor disserta sobre o suicídio como contágio e ramifica-o em egoísta, aquele que ocorre por motivos pessoais, e altruísta, como se o motivo da morte fosse para um bem de todos. O autor cita as mortes por suicídio do Primo Levi, Cesare Pavese e analisa em um capítulo a morte de Vargas, a fim de mostrar um caso altruísta noticiado e que não resultou em contágio. Inicialmente o leitor é levado a acreditar que fatalmente é contagioso, porém no final o autor demonstra que para analisá-los se deve, primeiro, romper com o senso comum.

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