domingo, 20 de junho de 2010

Um pouco sobre Dapieve...

Arthur Dapieve nasceu em 03 de dezembro de 1963 na cidade do Rio de Janeiro onde atualmente reside.

Graduado em Comunicação Social – Jornalismo pela PUC-Rio e crítico da música brasileira. Foi repórter, redator, subeditor e editor. Trabalhou no Jornal do Brasil, na revista Veja Rio e no canal GNT, apresentando o programa Sem Controle, também escrevia sobre música no site NoMinimo.com. Desde 1993, atua como colunista, todas às sextas-feiras, no Segundo Caderno do Jornal o Globo, além de lecionar na PUC-Rio sobre Técnicas de Redação em Jornalismo Gráfico.

Entrevista



Livros de sua autoria, publicados por ano:

1995 – BRock: O rock brasileiro dos anos 80 – Editora 34 – SP

1999 – Miúdos metafísicos – Editora TopBooks – RJ

2000 – Renato Russo: O trovador solitário – Editora Ediouro Publicações – RJ

2004 – De cada amor tu herdarás só o cinismo – Editora Objetiva – RJ

2007 – Morreu na contramão: O suicídio como notícia – Editora Zahar – RJ

2008 – Black music – Editora Objetiva – RJ


Além desses, Dapieve possui livros publicados com a participação de outros, a exemplo de "Manual do Mané" com Sérgio Rodrigues e Gustavo Poli, "J. Carlos Contra a Guerra" com Cássio Loredano, "300 Discos Importantes da Música Brasileira" com Tárik de Souza e Carlos Calado , "Guia de rock em CD" com Luiz Henrique Romanholli e "Conversas sobre o tempo" com Zuenir Ventura e Luis Fernando Verissimo.

Black Music

Michael Philips é um adolescente de 13 anos, americano, porém residente do Rio de janeiro, negro e fanático por basquete e jazz. É sequestrado no caminho, quando voltava do colégio para casa. O ônibus escolar, que perpassava um bairro carioca, foi interceptado por um carro contendo três pessoas caracterizadas de Bin Laden e armados com UZIs. Um deles, chefe do morro para onde levaram o sequestrado, é He-mam de 17 anos, branco, franzino e que sonhava em ser um famoso rapper. Jô, de 16 anos, é uma das muitas namoradas do sequestrador. O aprendizado que tivera foi baseado nas conversas com a irmã que era ex-prostituta e nos sons do funk de Tati Quebra-Barraco. Foi a encarregada de cuidar do menino enquanto seu pai não pagava o resgate. Assim, um laço começou a ser estabelecido pelos personagens ao longo da narrativa.
O romance representa a situação da favela sem ter que dar ênfase à miséria, diferentemente da forma como a literatura brasileira sempre retratou. O livro conta como se deu a formação conflitante e perigosa desse trio amoroso. Menciona, também, os problemas sociais e a violência do Rio cruzando perspectivas de mundos e referencias musicais diferentes. Os jovens personagens compartilham sonhos, enquanto a raiva e o medo ao longo da história se transformam em compaixão, amizade e amor.

Morreu na contramão: O suicídio como notícia

O livro aborda o modo como a sociedade e a imprensa encaram a morte voluntária. Para isso, o autor analisa vários casos noticiados, principalmente pelo jornal O Globo, faz menções a vários estudos relacionados ao tema e dedica um capítulo à morte de Getúlio Vargas. Comenta, também, o fato de muitos casos não serem mencionados, provando que ainda é forte o tabu, de caráter histórico, que o suicídio é contagioso. O autor exemplifica com a vasta onda de suicídio, nomeada “efeito Werther”, ocorrida com os jovens alemães após a exibição da novela "O sofrimento do jovem Werther de Goether" no ano de 1774. Durante a leitura, percebe-se que o autor, apesar de tudo, deixa subentendido a subordinação da imprensa à sociedade, uma vez que ela relata o que é de interesse coletivo.
Dapieve menciona as obras de Albert Camus em especial O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo e O suicídio de Emile Durkheim. Baseado nesse último, o autor disserta sobre o suicídio como contágio e ramifica-o em egoísta, aquele que ocorre por motivos pessoais, e altruísta, como se o motivo da morte fosse para um bem de todos. O autor cita as mortes por suicídio do Primo Levi, Cesare Pavese e analisa em um capítulo a morte de Vargas, a fim de mostrar um caso altruísta noticiado e que não resultou em contágio. Inicialmente o leitor é levado a acreditar que fatalmente é contagioso, porém no final o autor demonstra que para analisá-los se deve, primeiro, romper com o senso comum.

De cada amor tu herdarás só o cinismo

O título do livro foi retirado de um dos versos de Cartola, do clássico "O mundo é um moinho", e inspirado em livros que abordam romances entre homens maduros e mulheres jovens, como o livro "Um Amor" do italiano Dino Buzatti. A história perpassa lugares e tempos reais, como shows, bares e restaurantes da boemia carioca, levando ao leitor acreditar na veracidade dos fatos e dos personagens. Em 15 semanas, o caso inicialmente ardente aos poucos se transforma em uma melancólica história de amor. O livro tem como principais trilhas sonoras músicas de Neil Young, Pink Floyd, Joy Division.
O cenário principal do livro é o show da banda de rock R.E.M. ocorrida no Rock in Rio de 2001. A história relata o envolvimento de Bernardino, um publicitário decadente de 47 anos, portador de um casamento sem emoções e filhos na faculdade, com uma jovem estagiária de 19 anos, ruiva, bonita e atraente chamada Adelaide. Ambos trabalham na mesma agência publicitária, aonde se conheceram. Um relacionamento que tem tudo pra dar errado, porém o maduro publicitário não resiste ao encanto da menina, fazendo a conquista se tornar uma grande obsessão e com isso volta a sentir, novamente, a excitação do rock. Entretanto, nem tudo é o que parece, já que ela adora MPB e ele ao rock. Esse gosto diferenciado dos personagens representa um abismo no relacionamento.

Renato Russo: O trovador solitário

Renato Manfredini Junior, componente da classe média alta brasileira, nascido no Rio de Janeiro e criado em Brasília sonhava em montar a maior banda de rock do país. Fundou sua primeira banda chamada Porto Elétrico que teve uma curta duração. Quando a banda se desfez, Renato começou a tocar sozinho se apresentando como o “Trovador solitário”. Apesar de sempre ser uma pessoa rodeada de amigos, fãs e familiares, sempre transmitia uma idéia de solidão. Os anos se passaram e Renato se juntou com Marcelo Bonfá para montar a banda Legião Urbana que mais tarde contou com a adesão de Dado Villa-Lobos. Faleceu em 1996, mesmo assim sua multidão de fãs só vem aumentando.
O trovador solitário constitui o primeiro perfil publicado de Renato Russo. Segundo Dapieve, o livro não busca ser propriamente uma biografia, já que não é tão aprofundado na vida do cantor e compositor. Relata, significativamente, além da trajetória de Renato, a história da banda Legião Urbana. O autor escolhe o título baseado no nome artístico que o próprio intitulava em uma fase de sua vida e por condizer com suas características pessoais. Além disso, o livro é todo composto por imagens representativas da vida de Renato Russo.